Sinais de que a auto-estima vai mal

10 Ago

A auto-estima começa a ser construída no útero materno. A criança que foi desejada e nasce num ambiente de paz e segurança tem muito mais chances de se transformar num adolescente e num adulto seguro do que aquela que foi rejeitada desde o momento em que a mãe soube que estava grávida. A base de uma boa auto-estima, portanto, é a aceitação dentro da própria casa para se sentir aceito e seguro fora. Isso é fato. Segundo a psicóloga e psicopedagoga Jussara Limp Alves Lopes, especialista em adolescentes dependentes químicos, mesmo a criança que vive num ambiente saudável certamente passará por alguma crise de auto-estima quando chegar à adolescência, época em que a mudança de corpo traz uma sensação de desconforto muito grande. A vida infantil fica lá atrás, mas o mundo adulto ainda não aceita aquele rapaz ou aquela moça de ombros envergados, rosto com espinhas, roupas esquisitas, postura incorreta. “O adolescente procura encontrar uma forma para se defender da sensação de desconforto que sente diante de tudo. O quarto passa a ser o lugar mais freqüentado porque ali ele se sente seguro. As roupas geralmente recebem um toque original, desde a bainha rasgada até uma cor diferente, para poderem absorver aquele corpo para ele tão esquisito. É um processo doloroso, pelo qual todo mundo passa, mas que acaba quando as espinhas vão embora, os seios se avolumam, a voz do menino se torna definitivamente mais grossa”, lembra Jussara. Como lidar com essa fase Aos pais cabe dar apoio, ouvir e, se o adolescente deixar, falar. “Sem ansiedade”, recomenda o neurologista Charles Andre, professor adjunto de neurologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Na prática, os pais devem procurar, em primeiro lugar, mostrar ao adolescente que estão receptivos, sem ficar o tempo todo fazendo perguntas: “Você está namorando? Anda fumando? Por que rasgou a bainha da calça?” É preciso ouvir mais do que falar. Ao mesmo tempo, valorizar todas as iniciativas e não fazer dos fracassos do adolescente uma experiência para ele mais angustiante do que já está sendo. Se os pais tomam um caminho apenas crítico eles vão afastar os filhos“, diz Charles Andre. O mais importante, na opinião dos dois especialistas, é ser solidário com o adolescente, mostrando a ele que todo mundo passa por essa fase, para que não se sinta sozinho. Quando se preocupar No entanto, se é verdade que todo mundo passa por essa fase, é verdade também que para alguns adolescentes, na maioria das vezes aqueles que vivem num ambiente hostil e desestruturado desde pequenos, a queda da auto-estima pode ser sentida de maneira muito mais profunda e provocar reações às vezes dramáticas. “É quando perdem o controle do comportamento e passam a fazer uso de drogas ou álcool em grande quantidade, ou porque se sentem mais seguros sob este efeito ou porque dessa forma serão mais aceitos no grupo”, explica Charles Andre. O sinal vermelho acende quando o adolescente assume um comportamento de risco, que pode ser sentido pelos pais por meio de algumas reações típicas. Se ele fica muito agressivo em casa, se desaparece da escola, se está constantemente com os olhos injetados ou apresenta reações típicas de quem faz uso de droga, se repetidas vezes se envolve em acidentes de carro. Nesse caso, afirma a psicóloga Jussara Limp, “é imprescindível oferecer-lhe ajuda profissional, procurando mostrar como será melhor ter um espaço para falar sobre suas angústias. Os pais devem sempre estar atentos a essa fase, até para abrir espaço para que o adolescente possa se sentir mais seguro e aceitar essa ajuda.”