Cresce consumo de haxixe
O consumo de haxixe, sobretudo entre adolescentes, aumentou no Rio de Janeiro (Brasil), segundo dados divulgados recentemente pela Polícia Militar. O dado se baseia nas apreensões da droga, realizadas principalmente nas favelas: em 1999 foram recolhidas 5.959 bolinhas de haxixe, contra nenhuma em 1998. Em 1997 haviam sido apreendidas 2.116 bolinhas.
Extraído da Cannabis sativa, a mesma planta da maconha, o haxixe tem o THC substância ativa da cannabis) muito mais forte, por ser feito com o sumo da planta. Isso torna seu efeito muito mais intenso. Segundo a psicanalista Ruth Goldemberg, diretora do Instituto de Psicologia e Psicanálise da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, essa diferença atrai o adolescente, que está sempre buscando sensações mais fortes. Para Zélia Freire, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é provável que os traficantes já estejam misturando o haxixe à maconha há muito tempo. Dois tipos de comportamento O conselho de Ruth Goldemberg para os pais que percebem que a droga entrou na vida do filho é manter a calma e observar seu temperamento.
Os mais angustiados e nervosos, com algum tipo de dificuldade emocional já expressa, podem ir cada vez mais fundo e precisarão de ajuda para sair do problema. Os mais tranqüilos e sem comprometimentos emocionais podem experimentar movidos pela curiosidade e depois deixar a droga por conta própria, sem seqüelas. Como perceber que virou vício O ideal é procurar conversar muito com o adolescente, em qualquer situação. Sobretudo quando se desconfia que ele está usando drogas, lembra a psicanalista. "No início é difícil para os pais perceberem se pode se tornar um vício, mas se o adolescente mudar suas atitudes dentro de casa é preciso procurar um tratamento." O comportamento de um viciado normalmente é passivo, sem interesse algum pelos apelos intelectuais, hipersensível a qualquer frustração e muito fechado.
Os pais podem achar que é mau gênio, mas aqui vai uma recomedação importante: nunca fechem os olhos ou subestimem uma desconfiança dessa natureza. Tratamento O tratamento para um viciado não pode ser feito apenas com psicoterapia. Há instituições especializadas, com atendimento individual e em grupo, que podem conseguir um bom resultado. Sobretudo com o tratamento em grupo, já que, quando a droga é retirada, o adolescente fica muito mal e precisa estar perto de outros que sentem o mesmo. Mas o fato de ele não usar mais a droga, infelizmente, não garante que não vá haver recaída. Portanto, o viciado tem que continuar o tratamento, mesmo que seja mais espaçado, talvez pela vida toda.