As drogas mais usadas em grandes eventos
Na busca de intensificar a “viagem” de uma festa, carnaval ou show de rock, algumas pessoas acabam usando drogas ilícitas como a maconha, a cocaína, o ácido e o extacsy. Na euforia, alguns abusam na dose, aumentando a chance de que a aventura nem sempre acabe bem. Veja como as substâncias mais consumidas nessas ocasiões agem no organismo e conheça os prejuízos que acarretam à saúde, segundo Marcelo Fernandes, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Maconha Algumas tragadas num cigarro de maconha (Cannabis sativa) e a sensação de euforia toma conta do cérebro. O responsável por esse efeito, que pode durar até 4 horas, é o THC (tetrahidrocanabinol) - principal componente da erva. Quando entra no cérebro, essa substância toma conta de receptores da molécula anandamida, que têm estrutura semelhante ao do THC, modificando-os temporariamente. São provocadas alterações psíquicas como distorção na percepção do tempo e do espaço e hilaridade (riso fácil), além da diminuição de reflexos e do controle sobre a coordenação motora. Em pessoas vulneráveis podem ocorrer quadros de ansiedade. Os efeitos físicos são boca seca, olhos vermelhos e freqüência cardíaca acelerada. Passado o efeito da droga, é comum a pessoa sentir cansaço e muita fome. O uso diário e por meses seguidos resulta em desmotivação, depressão, queda de rendimento nas atividades diárias e baixa auto-estima. Porém, esses sintomas tendem a desaparecer se o usuário parar de fumar, sem sofrer fisicamente com a abstinência. Há comprovações científicas que a maconha pode causar problemas respiratórios, infertilidade e câncer nos pulmões. Cocaína Um minuto após ser inspirada, provoca sensações de euforia e agitação psicomotora, fazendo com que a pessoa fale muito e se movimente sem parar. Isso porque a droga tem o poder de incrementar os níveis de adrenalina, aumentando a pressão sangüínea e a freqüência cardíaca; estimular a produção de serotonina, depertando prazer e serenidade; e irrigar o centro de prazer do cérebro com o neurotransmissor dopamina. Em condições normais, a dopamina é liberada e reabsorvida nos neurônios. Com o uso da cocaína esse mecanismo pode ser alterado havendo deficiência de dopamina, provocando quadros depressivos importantes. Outros riscos: quadros psicóticos, paranóia e ansiedade intensa. A droga ainda destrói a cartilagem do nariz e causa problemas cardíacos. Na abstinência, aparecem ansiedade, tristeza, apatia, anorexia, insônia e agressividade. Os efeitos da cocaína atingem o pico em 20 minutos e não duram mais que uma hora, fazendo com que o usuário volte a inspirá-la seguidamente, correndo o risco de ultrapassar seu limite e morrer por fadiga ou ataque cardíaco. Ácido Sintetizado em laboratório, é o alucinógeno mais poderoso criado pelo homem. Uma lambida num pequeno pedaço de papel, conduz a “viagens” que podem durar de 3 a 12 horas, com efeitos imprevisíveis. O ácido, como é chamado o LSD (dietilamida de ácido lisérgico), tem a estrutura muito parecida com a do neutrotransmissor serotonina, que atua no humor e na percepção. Tem o poder de aumentar a informação sensorial emitida para o cérebro, ao mesmo tempo em que interrompe o caminho da serotonina. Por isso, ocorrem sensações confusas, como a de “ver” sons ou “ouvir” cheiros. Ao contrário das outras drogas, o LSD não causa dependência, mas oferece o risco de flashback - meses depois da primeira viagem, o ususário pode ser surpreendido por alucinações mesmo sem voltar a usar a droga. Ela também provoca taquicardia e um aumento na pressão sangúínea, que podem ser fatais para quem tem problemas cardíacos. Ecstasy Conhecido como o comprimido do amor, faz com que uma sensação de bem-estar substitua o medo e a insegurança - efeitos que podem durar de 4 a 6 horas. Os cinco sentidos ficam aguçados, especialmente o tato, fazendo com que o usuário tenha vontade de interagir com outras pessoas. Seu princípio ativo é a metilenodioximetanfetamina, ou MDMA, uma espécie de prima das anfetaminas e do LSD. Com isso, a droga age sobre a dopamina e a serotonina, promovendo prazer, além de relaxar os músculos e eliminar a dor e o cansaço. A ação excessiva desses neurotransmissores, entretanto, sobrecarrega o organismo causando superaquecimento e desidratação - é uma droga que não pode ser misturada com bebida alcoólica, apenas muita água. Também pode provocar convulsões, insuficiências renais e até uma parada cardíaca. Não há comprovações de que cause dependência, mas seu uso contínuo pode provocar ansiedade, depressão, insônia, ataques de pânico, paranóias e psicoses. Sintomas que podem ir se tornando permanentes, porque com o tempo o cérebro perde sua capacidade natural de fabricar serotonina.