Teste precoce evita problemas para andar

10 Ago

As mulheres com mais de 60 anos já contam com um teste capaz de apontar o risco de manifestarem futuros problemas para andar. Desenvolvido pelo geriatra brasileiro Paulo Henrique Chaves, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Johns Hopkins (nos Estados Unidos), o exame indica com até 73% de precisão se as pacientes terão dificuldades para praticar atividades cotidianas no prazo de um ano e meio. O gráfico foi elaborado nos Estados Unidos e foi a tese de doutorado de Chaves. Ele analisou por meio de questionários e de observação clínica o desempenho de 266 americanas, entre 70 e 80 anos, quando praticavam três tipos de atividade: andar 800 metros, subir e descer escadas e entrar no carro. A primeira avaliação, feita em 1994, mostrou que as mulheres não apresentavam dificuldades para caminhar. Um ano e meio depois, o geriatra repetiu a investigação e mediu o tempo que as voluntárias levaram para realizar as mesmas atividades. Resultado: um quarto delas começou a ter problemas para executar as tarefas. Chaves continuou a análise até 1999. Nesse período verificou também quantos segundos as pacientes levavam para percorrer a distância de um metro; por quanto tempo conseguiam se equilibrar em apenas uma perna; e se houve mudança no modo como realizavam as atividades dos primeiros exames (subir e descer escadas, andar 800 metros e entrar no carro). Depois de combinar os resultados dessas variáveis, o geriatra estabeleceu a relação entre quanto as idosas demoravam para fazer cada atividade e a porcentagem de risco para disfunções locomotoras. Prevenção é o principal objetivo A intenção do exame, indicado para todas as mulheres a partir dos 60 anos, é detectar a possibilidade de aparecimento desses problemas. “Algumas pesquisas mostram que de 35% a 50% das mulheres portadoras de doenças do coração, do pulmão e de outros males, como a artrite, têm dificuldade para andar a partir dos 70 anos. Por isso, é importante que, depois dos 60, elas comecem a fazer o teste”, diz. “Assim, poderão tomar determinadas atitudes para evitar as limitações de movimento mais tarde.” Qualidade de vida A partir da avaliação, o médico indica os melhores tratamentos para cada caso. Portadores de doenças do coração e do pulmão (como enfisema e bronquite) podem realizar exercícios físicos que tonificam os músculos. As atividades leves, como caminhadas de 30 minutos três vezes por semana, são as mais indicadas. “Esse tipo de exercício é muito importante para evitar o desgaste das articulações e é recomendado para qualquer pessoa”, afirma Chaves. O geriatra destaca também a importância dos programas sociais. “Sair com os amigos, passear pela praça ou ir a um almoço são atividades de lazer que contribuem para evitar o sedentarismo. E ainda mantêm a resistência física do idoso”, diz o médico. Testes em homens já começaram O autor da pesquisa revela que novos testes já começaram a ser feitos em idosos do sexo masculino. Isso é necessário para determinar se o exame terá, nessa população, a mesma eficácia registrada entre as mulheres. Publicado na revista americana Archieves of Internal Medicine, o trabalho de Chaves – incluindo gráficos e instruções para realização dos testes –, pode ser encontrado no endereço http://archinte.ama-assn.org/issues/current/rfull/ioi90735.html. Matéria de setembro de 2000