A atração e o prazer do sexo virtual
Os chats de encontros sexuais oferecidos por vários sites estão promovendo uma das mais novas expressões da sexualidade moderna: o sexo virtual. Também chamado de cibersexo, ele pode ser definido como a busca pelo prazer usando a interatividade da internet ou como um conjunto de fantasias eróticas intermediado pela web. Engloba desde o hábito de navegar em busca de fotos pornográficas e de criar um clima agradável no lugar onde fica o computador até entrar em salas de bate-papo, iniciar uma conversa picante e se masturbar. Cada usuário entra na sala com um nickname (nome escolhido). Quem gostar do nick se aproxima. E, dependendo da aproximação, o papo continua. Como tudo acontece por meio da escrita, quem se expressa melhor tem mais chances de conquista. O jogo de sedução não tem troca de olhares, mas de palavras. Os riscos dessa prática Na internet não há limites. No sexo virtual também não. Pode-se dizer e fazer tudo. “O único critério é pessoal e, mesmo assim, flexível”, diz a psicóloga Fabiana Tavolaro Maiorino, de São Paulo (Brasil). “Você pode deparar com situações surpreendentes, como o convite para transar em um bar. E aceitar uma proposta que, em uma situação real, não toparia.” Essa liberdade atrai muita gente. O perigo é que pessoas com tendência ao isolamento se desliguem de vez da realidade. “Saúde é conseguir se relacionar. Quem só faz isso pela internet se desvincula do contato com os amigos e a família”, critica a psicóloga. Uma pesquisa realizada pelas universidades de Stanford e Duquesne, ambas nos Estados Unidos, revelou que dos 60 milhões de internautas americanos 1% desenvolveu uma relação compulsiva com o sexo virtual. Essas pessoas passam mais de onze horas por dia visitando sites pornográficos, chats eróticos e verificando se os parceiros responderam às mensagens. Nesses casos, o prazer é doentio. Vergonha em admitir a relação virtual Investigar a população adepta do cibersexo é um dos objetivos da tese de mestrado da psicóloga Fabiana Maiorino. Alguns dos itens da pesquisa pretendem descobrir os motivos que levam uma pessoa a entrar em uma sala de bate-papo pela primeira vez; se esse usuário já conheceu alguém on-line; se já consumou o encontro na vida real. Desde que o estudo começou, em agosto do ano passado, quarenta usuários já responderam ao questionário, que contém vinte perguntas. (As questões estão no endereço eletrônico http://sites.uol.com.br/fmaiorino ). Em uma primeira contagem, com trinta questionários respondidos, Fabiana verificou que 54% das pessoas visitam chats de sexo virtual. Mas, curiosamente, 63% delas dizem nunca ter praticado essa modalidade de sexo. “A contradição entre os números está relacionada com a vergonha de admitir a relação virtual e também com o fato de que muita gente não vincula cibersexo com imagens pornográficas. Então, acha que só procurar essas fotos não têm nada a ver com sexo virtual”, conclui Fabiana. Matéria de junho de 2000