A cura que vem de dentro
Aprender a reconhecer as próprias sensações, identificando as necessidades do corpo, pode ser o caminho mais saudável para a autocura. Pelo menos é o que preconizam os adeptos da técnica terapêutica Self-Healing. Criada por Meir Schneider, a School for Self-Healing, em São Francisco, Estados Unidos, ganha cada vez mais simpatizantes no Brasil. Schneider criou o método a partir de sua história pessoal. Ele superou a cegueira causada por catarata congênita e, hoje, possui carteira de motorista sem restrições. Os princípios que descobriu enquanto trabalhava para recuperar a visão tornaram-se a base do Self-Healing. O método combina massagens, exercícios respiratórios e de visualização para tratar as mais variadas doenças, de artrite e problemas de postura a dores crônicas e patologias graves, como esclerose múltipla e distrofias musculares. Segundo a psicóloga Sofia Débora Levy, que está se especializando em Self-Healing, problemas circulatórios, respiratórios, musculares, ósseos e de visão podem ser tratados com o método. Para isso, porém, é fundamental que o paciente se envolva com o tratamento. “A proposta é levar o paciente a se comprometer consigo mesmo através da tomada de consciência do seu corpo. O terapeuta é um educador, não o único responsável pela cura”, diz Sofia. Como o próprio nome do método diz, a cura parte do paciente, com base na tomada de consciência cinestésica. Parece fácil, mas está longe de ser. Saber olhar para o próprio corpo e entender como ele funciona requer uma mudança total de padrões. O importante passa a ser o autoconhecimento e, principalmente, formas de chegar a um melhor equilíbrio corporal e a uma sensação de bem-estar consigo mesmo. Graças a isso, o paciente consegue entender o que está acontecendo com seu corpo, por que ele sente determinada dor, até onde vão seus limites. “O ritmo da resposta ao tratamento é proporcional à dedicação do paciente e à gravidade da patologia”, diz Sofia. Segundo ela, quem trabalha com Self-Healing sabe que nem sempre é possível a cura total. Dependendo do caso, o objetivo limita-se a uma melhora das condições do paciente. Indivíduos com distúrbios do sistema nervoso, como esclerose múltipla e paralisia cerebral, são bastante beneficiados pelo método, devido à maneira integrada com a qual ele visualiza o corpo e sua relação com o meio ambiente. O mais importante é levar o paciente a desenvolver a autoconsciência, aprendendo a explorar as ligações corpo-mente. A partir disso, será possível identificar as características de suas limitações e superá-las na medida do possível. “Com os exercícios respiratórios, os movimentos leves, as técnicas de relaxamento e visualização, levamos o paciente a buscar outras sensações, diferentes daquelas comumente sentidas através do seu padrão corporal”, diz a terapeuta. Trata-se de um trabalho gradativo, com alguns resultados imediatos, sentidos já nas primeiras experiências. A exploração e autodescoberta, porém, são crescentes ao longo da vida. O método do Self-Healing enfatiza os movimentos suaves, numa linha oposta à preconizada por práticas já bem conhecidas no Ocidente. Quanto mais suave o movimento, mais benéfico ele será para a saúde. E esse conceito de saúde inclui não apenas a do corpo, mas também a da mente. Quando o paciente aprende a perceber as próprias sensações, ele atinge, naturalmente, um equilíbrio que o levará a um bem-estar geral. “Tentamos fazer o indivíduo enxergar o quanto de tensão ele está pondo sobre seu corpo. Com a abordagem utilizada no Self-Healing, ele consegue fazer esse mergulho dentro das próprias sensações e superar as dificuldades”, diz a terapeuta. O criador do método, Meir Schneider, concentra suas atividades na School for Self-Healing, em São Francisco. No site da instituição (www.self-healing.org), há informações sobre a técnica e cursos de especialização. No Brasil, existe o Núcleo de Pesquisa e Assistência Self-Healing, ligado à Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, que oferece cursos, workshops e palestras durante o ano inteiro. As inscrições podem ser feitas pelos telefones (0xx11) 3086-3512 e (0xx21) 274-6928.