A importância do professor

10 Ago

Estabelecer os limites toleráveis da agressividade da criança é um desafio para a psicologia infantil. Uma linha tênue separa o que pode ser classificado como um problema patológico do que se considera um comportamento aceitável dentro do grupo. “É impossível definir esse limite, mas o fato de a criança se preocupar com o colega agredido é um fator positivo. Mostra que ela tem consciência do mal que fez e pode evitá-lo da próxima vez”, diz Silvia. Por outro lado, se as brigas são constantes e a violência é o único recurso que ela tem para chamar a atenção, a família e os professores têm de ficar atentos. Para evitar que a agressão se torne uma rotina na relação da criança com os colegas da escola, a primeira alternativa, segundo a psiquiatra, é a conversa. Mas não basta explicar porque a atitude dela está errada. “Os pais e os educadores precisam deixar que a criança saiba que eles querem ajudá-la. Por isso, é preciso ouvir e entender os motivos que a levaram a bater no colega”, diz Silvia. “Nesse contexto, a melhor saída é valorizá-la”, acrescenta. É nesse ponto que o papel do professor passa a ser ainda mais fundamental. “O educador tem de deixar claro as regras de convivência. Se a conversa não adianta, alguns recursos podem fazer a criança sentir-se bem dentro do grupo”, esclarece a psicóloga e diretora da Escola Grão de Chão, de São Paulo, Paula Ruggiero. “Um desenho, uma história interessante que ela conte e até mesmo um jogo no qual possa ter algum destaque são maneiras de trabalhar a auto-estima”. Segundo Paula, é importante que esse trabalho seja realizado em conjunto com os pais. “As crianças mais agressivas precisam ter tudo muito claro. E é isso que procuramos fazer. Reunimos todos os alunos e colocamos limites para que eles tenham uma convivência pacífica. Por exemplo, dizemos que ninguém pode bater no colega ou impedir que ele fale quando estamos conversando”, explica. “Com isso, elas adquirem uma noção de responsabilidade. É isso que procuramos mostrar aos pais, para que eles façam o mesmo tipo de trabalho dentro de casa”. Matéria de novembro de 2000