A malhação está funcionando?
Exercer uma atividade física nem sempre pode trazer resultados positivos. Dependendo da intensidade e do tipo de exercício, o corpo começa a dar sinais de fadiga e, em alguns casos, a sofrer de dores na coluna e desgaste do aparelho locomotor. Para evitar esses males e garantir o sucesso esperado, é preciso ficar atento a alguns indicadores que determinam se o exercício está valendo a pena. Os principais são: freqüência cardíaca e massa muscular. Existem duas formas de medir a eficácia de uma atividade: o estímulo aeróbio e o estímulo anaeróbio. O aeróbio mede atividades de baixa intensidade e longa duração, como caminhada. Neste caso, a principal variável usada para a avaliação do desempenho é a freqüência cardíaca. Segundo Paulo Zogaib, professor da Universidade Federal de São Paulo, especializado em medicina esportiva e fisiologia de exercício, “quando o condicionamento físico melhora, a freqüência cardíaca cai”. Basta imaginar um maratonista que consegue melhorar sua marca mantendo, ou até reduzindo, a freqüência cardíaca. Isso significa que ele obteve um resultado melhor sem ter de fazer mais esforço. O fato de a freqüência cardíaca não baixar pode estar relacionado a um treinamento insuficiente. “Talvez seja hora de imprimir um ritmo mais forte”, indica o médico. No entanto, se houver aumento dessa freqüência, é preciso investigar se a intensidade do exercício está muito forte ou se existe algum problema físico que requer tratamento. Nesses casos, há outros indicativos de que o treinamento não está funcionando: “A pessoa vai se sentir mais cansada, além de ter distúrbios como falta de sono, alterações no humor e dores musculares”. Bem-estar e bom apetite são meios de checar a eficácia do exercício Outras formas de medir a eficácia da atividade física são mais subjetivas, como a sensação de bem-estar. Imagine um homem que volte a correr nos finais de semana depois de um longo período sem praticar exercícios. Nas primeiras corridas, ele vai sentir cansaço e dores musculares, que poderão durar dois dias após a atividade. Depois de um período de treinamento, cerca de dois meses, é de se esperar que o atleta consiga correr a mesma distância em menos tempo e com uma freqüência cardíaca menor. Isso quer dizer que o corpo estará melhor condicionado para enfrentar a carga de trabalho físico, refletindo em bem-estar geral, sono regular e bom apetite. Por outro lado, quanto melhor a preparação física de uma pessoa, mais difícil será para ela superar suas próprias marcas. “Quando se está num nível baixo de condicionamento é mais fácil entrar em forma. É só imaginar um atleta profissional. Ele chega num ponto em que precisa treinar muito mais para obter resultados melhores”, diz Mauro Guiselini, diretor do Centro de Integração do Corpo. Atenção à massa muscular No caso das modalidades anaeróbias, como a musculação, é mais fácil perceber se uma determinada atividade está produzindo os efeitos desejados. É que os resultados da musculação são mais visíveis. “Nesse caso, o atleta busca ganhar massa muscular. É um exercício voltado para a força, a explosão e a velocidade”, explica Zogaib. E o retorno é quase imediato. “Após um mês de treino, se tudo estiver sendo feito corretamente, o atleta já está mais forte”. Cuidados gerais O principal cuidado que as pessoas devem ter ao praticar alguma atividade, segundo os médicos, refere-se à intensidade e à freqüência dos exercícios. Zogaib diz que não há problema em se exercer uma atividade diária, desde que sem exageros. “Se alguém quer apenas fazer uma atividade como meio de prevenção de doenças, pode se exercitar três vezes por semana. É uma boa média”, analisa. Guiselini também faz um alerta importante: “o corpo precisa de um descanso. No caso de exercícios de grande intensidade, é necessário um tempo para a recuperação”. Matéria de julho de 2000