A primeira vacina contra o câncer de ovário

10 Ago

O câncer de ovário é um dos cinco tipos mais freqüentes de câncer no sexo feminino. Estima-se que uma em cada 55 mulheres desenvolverá a doença, hoje a principal causa de morte por complicações ginecológicas nos Estados Unidos. Para lutar contra o problema, uma empresa americana está aplicando experimentalmente o princípio que rege as vacinas há mais de dois séculos: introduzir no organismo um corpo estranho para estimular a resposta do sistema imunológico. Esse novo tratamento consiste em extrair células cancerígenas da paciente, modificá-las em laboratório e reinjetá-las. A essas células é acrescentado um composto químico chamado dinitrophenyl (DNP), que adere às moléculas presentes na superfície das células. Depois de injetado, o DNP é reconhecido pelas defesas do corpo como um agente estranho. Isso ajuda o sistema imunológico a localizar e combater as células cancerígenas que possam ter migrado para outras partes do corpo. Os pesquisadores David Berd e Charles Dunton, da Universidade Thomas Jefferson, dos Estados Unidos, estudaram a eficácia da nova vacina, batizada de O-Vax, cuja patente é da empresa Avax Technologies. Os dois especialistas aplicaram a vacina experimental em um grupo de dez mulheres com câncer de ovário ramificado, que não havia sido possível deter com quimioterapia convencional. Injeções semanais As pacientes receberam sete injeções semanais da vacina. Cerca de 80% apresentaram reação favorável. Apesar do grande tamanho dos tumores e de as mulheres estarem debilitadas devido a tratamentos anteriores, os organismos começaram a lutar de maneira mais intensa contra a doença. Em uma paciente desapareceu um tumor no abdome. Outras três apresentaram menores níveis de uma proteína conhecida como CA-125, normalmente usada para detectar o câncer de ovário. "Estamos muito entusiasmados com o que obtivemos até agora, principalmente porque continuamos tendo respostas imunológicas e clínicas que são fundamentais em um grupo de pacientes com um prognóstico ruim", afirma David Berd, que apresentou os resultados da pesquisa durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizada em maio em Nova Orleans, Estados Unidos. O especialista acrescenta que o mais significativo é a capacidade da vacina de estimular as defesas do corpo e reduzir os níveis de CA-125 no sangue. "A observação de uma resposta objetiva contra o tumor em uma paciente refratária à quimioterapia é realmente surpreendente", diz. Novos testes Até agora só foram realizados testes preliminares em pacientes com câncer muito ramificado. A Avax Technologies anunciou que vão ser realizados mais testes clínicos com a vacina para aplicá-la em cerca de 400 pacientes em melhor estado de saúde. Os interessadas em obter mais informações sobre o tratamento podem visitar a página da empresa na internet: www.avax-tech.com. Mulheres dos Estados Unidos que queiram se candidatar a receber a vacina experimental podem enviar um fax para a médica Karen Doak (816-9604832). Matéria de maio de 2000