A quantas anda o coração (Segunda parte)
Para o Dr. Maurício Caram, quem está na casa dos 35 anos e deseja se submeter a atividades físicas intensas devem fazer um eletrocardiograma de esforço, mais conhecido como teste ergométrico. Se não for este o caso, um eletrocardiograma de repouso basta para detectar possíveis anomalias cardíacas. A partir dos 40, lipidogramas completos, para medir os níveis das gorduras do sangue; hemograma completo, para detectar a presença de infecções, anemia e até leucemias e verminose, são necessários. Assim como um exame de urina, para medir as funções renais, e dosagem de ácido úrico. “O excesso de ácido úrico favorece a agregação das plaquetas do sangue e pode sinalizar risco de infarto”, diz o Dr. Maurício Caram. Ele explica também que medir funções renais é importante porque elas se alteram quando há lesões no rim, como as causadas pelos quadros de hipertensão não tratada, ou quando há doenças, como diabetes, lúpus eritematoso sistêmico. E a presença de cristais na urina apontará a possibilidade de formação de cálculos. Também é nesta faixa etária, que os homens precisam passar por um exame que costuma provocar muita resistência: o toque retal para detectar possíveis anomalias na próstata. Para as mulheres, a partir desta idade, as mamografias anuais se tornam um ritual necessário para diagnóstico precoce de câncer de mama, enquanto o exame preventivo ginecológico rastreia possíveis tumores de útero. “Também se recomenda a homens e mulheres acima dos 55 anos, pesquisas de sangue oculto nas fezes. Isso pode detectar cânceres no cólon ou no reto, tumores com alta incidência na nossa população”, diz o Dr. Sávio Silva Santos. Com o mesmo propósito, o médico pode pedir retosigmoidoscopia flexível, a cada cinco anos, e colonoscopia, a cada dez anos. Muito além das cáries Acima dos 60 anos, a ida ao oculista é necessária: é preciso medir a pressão ocular, e conseqüentemente o risco de glaucoma, e problemas provenientes da idade ou de doenças como diabetes também tornam obrigatória a ida ao oculista. Mas não é só. Osteoporose, embora passível de atingir ambos os sexos, é mais freqüente nas mulheres, cujo processo de construção óssea é mais acelerado. Risco naturalmente acentuado nas que passaram pela menopausa. “As que fazem reposição hormonal, tem o risco reduzido. As que não fazem, devem aumentar sua ingestão de cálcio e tomar medicamentos fixadores de cálcio, tomar sol, e adotar a atividade física”, fala o Dr. Maurício Caram. Muito além das cáries Não se pode esquecer também da saúde oral. Uma visita anual ao dentista pode diagnosticar muito mais do que cáries. “Segundo o Instituto do Coração, 45% das endocardites bacterianas, ou seja, infecções no músculo cardíaco do endocárdio, têm origem em infecções crônicas na boca”, diz o dentista Marcelo Fonseca. O pior é que muitas destas infecções não provoca dor. Os focos de infecção dentários são também muitas vezes responsáveis por infecções à distância. São comuns os problemas articulares que podem ter começado no canal afetado de um dente. “Alguns médicos até relacionam estas infecções com certos tipos de câncer”, diz o dentista Marcelo Fonseca. Pacientes com alguma predisposição, como os que já tenham sofrido febre reumática, por exemplo, devem ter um atendimento com certos cuidados. Como a indicação profilática de antibióticos depois de procedimentos cruentos. Focos de infecção crônica podem ser diagnosticados através de um exame radiográfico completo, durante uma visita rotineira ao dentista. O que dá a medida do quanto manter o hábito de consultas a cada seis meses, ou anualmente, pode revelar muitos mais do que se imagina. Matéria de Dezembro de 2000