A separação é um convite à depressão

10 Ago

A separação é hoje a principal causa de depressão nos homens. O brusco rompimento dos laços com a mulher e os filhos está levando os homens a procurarem com mais frequência os consultórios psiquiátricos em São Paulo (Brasil). A constatação é do psicólogo Luiz Cuschnir, do Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Nos últimos dois anos, as separações passaram a dividir com o desemprego, até então a maior origem das depressões masculinas, o espaço nos divãs", afirma o especialista. "Em alguns períodos do ano os atendimentos aos homens recém-separados supera consideravelmente as consultas prestadas aos desempregados." Para Luiz Cuschnir, que também faz parte do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher (Iden), da infância à fase adulta o homem convive com a imposição social de se desprender o quanto antes da família em busca de sua independência financeira. Assim que ingressa no mundo profissional, observa o especialista, o homem trabalha incessantemente para se tornar um bom provedor, um ótimo gerenciador de crises. As relações afetivas, então, ficam restritas aos filhos e à mulher. "Ela exerce o papel de intermediária das relações sociais, como marcar encontros com amigos e organizar festas e viagens, além de ser a válvula de escape para o marido comentar os problemas no trabalho", afirma o especialista. Na maioria dos casos, só quando acontece a separação é que o homem percebe que seu lado afetivo fica completamente esvaziado. Nessa fase, a sensação de impotência para solucionar a crise emocional e o afastamento dos filhos provocam a depressão. "Os pacientes chegam ao consultório perdidos, com o ritmo de vida totalmente comprometido. Muitos se entregam ao álcool e às drogas como consolo", conta. Importância da vida pessoal Durante dois anos, o psicólogo Luiz Cuschnir estudou o comportamento de 35 homens, com idade média de 40 anos, para identificar como eles organizam suas vidas profissional e pessoal. Quase metade do grupo é casada, seis são solteiros, seis vivem com uma mulher e quatro são separados. A maioria (69%) dos participantes têm nível superior. Entre as conclusões do estudo, baseado na técnica européia conhecida como Gender Group (que estimula os entrevistados a aperfeiçoar as relações profissionais, familiares e emocionais para enfrentar os conflitos do mundo atual), foi constatado que o sucesso profissional (poder, status e riqueza) são tão importantes na vida dos pesquisados quanto as realizações no plano pessoal. "Em breve, grandes companhias vão contratar profissionais realizados na vida pessoal, que saibam equilibrar seus anseios profissionais com as necessidades pessoais", conclui o especialista.