Abuso faz pílula do dia seguinte falhar

10 Ago

Usada continuamente, a pílula do dia seguinte perde o efeito. Por sua alta dosagem de progesterona e estrógeno, pode levar a uma descompensação hormonal e a alterações na menstruação, que fazem aumentar o risco de gravidez. É aconselhável, portanto, não esperar desse anticoncepcional de emergência uma proteção que ele não pode dar. Por mais fácil que o uso possa parecer para quem está iniciando a vida sexual e tem poucas relações – bastaria que a jovem tomasse um comprimido depois do sexo – não vale a pena abusar. "O uso só se justifica se houver uma falha grave no controle da sexualidade: se a camisinha estourou, se a garota sofreu algum tipo de violência sexual ou se esqueceu de usar anticoncepcional", alerta o ginecologista Osmar Ribeiro Colás, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ciclo menstrual desregulado A interferência hormonal acontece de duas formas: se a mulher tomar a pílula do dia seguinte na primeira metade do ciclo menstrual poderá atrasar a ovulação; se ingerir a pílula na segunda fase do ciclo, haverá a possibilidade de antecipar a ovulação do próximo mês. Nos dois casos, há um risco o maior de gravidez, porque a mulher está desregulada e não controla mais o ciclo menstrual. Por que o efeito diminui Ao contrário dos anticoncepcionais orais, a pílula do dia seguinte só é totalmente eficaz se a mulher, ao ter uma relação sexual de risco, estiver ovulando. O método evita que o óvulo, depois de fecundado, se fixe na parede do útero. Isso é possível porque a alta dosagem de hormônios modifica a estrutura do endométrio (parede que reveste o útero), deixando-o em condições impróprias para que ocorra a fixação. Assim, impede-se que a gravidez vá adiante. Em alguns casos, a pílula do dia seguinte pode até funcionar como anticoncepcional, dificultando que o espermatozóide chegue ao óvulo (altera o muco cervical na vagina e dificulta a passagem do espermatozóide até o útero). Mas esse não é o seu mecanismo principal. Menos eficaz que a tabelinha “Não se trata de um anticoncepcional normal, mas de um método emergencial”, reforça Colás. A principal razão para que não se use essa pílula rotineiramente é que ela se torna menos eficaz do que a tabelinha, o mais falho dos métodos. A pílula do dia seguinte diminui em até 75% o risco de uma gravidez se a mulher estiver no período ovulatório. A tabelinha usada por mulheres com ciclo menstrual regular garante uma proteção de até 85%. Matéria de setembro de 2000