Ansiedade tem limite
Acordar com uma ansiedade estranha, sem motivo aparente, é experiência comum a todos os seres humanos. É uma sensação difusa, cujas causas são difíceis de serem identificadas. Alguns até dizem: “Hoje, estou tão ansiosa, mas não sei por quê.” O fenômeno, porém, pode tornar-se crônico e causar problemas de saúde. Para se livrar dele existem os ansiolíticos. Sinônimo de alívio para muita gente, estão longe de serem inofensivos. Os seus efeitos colaterais incluem sonolência, falhas na memória e, pior, dependência. Pesquisadores da Universidade de Zurique, porém, anunciam que o cenário pode mudar. Eles descobriram uma forma de desenvolver remédios tão eficazes quanto os atuais, mas sem os chamados efeitos adversos. Em testes com ratos, concluíram que os ansiolíticos da classe dos benzodiazepínicos agem em pelo menos quatro áreas das células cerebrais. Os efeitos desejados do medicamento, no entanto, têm origem em apenas uma dessas áreas. As outras são responsáveis pelas reações indesejáveis. Num estudo publicado ano passado na revista americana Science, Uwe Rudolph, autor do estudo, disse que as empresas farmacêuticas já estão capacitadas para desenvolver um remédio que afete apenas esta área particular, chamado Gaba alfa-2. O resultado será um ansiolítico que combaterá a ansiedade com tanta eficácia quanto o Valium, mas sem os seus efeitos colaterais. A novidade interessa a milhões de pessoas no mundo, que sofrem de ansiedade. Necessária para a sobrevivência humana, ela indica os sinais de perigo e leva os indivíduos a escolherem entre fuga ou luta. Ou seja, é possível enfrentar a ameaça ou é mais prudente fugir? Essa decisão é tomada rotineiramente na vida de um ser humano. Em níveis maiores, entretanto, a ansiedade torna-se patológica, precisando ser tratada com medicamentos e psicoterapia. Ansiedade pode imobilizar a pessoa no dia-a-dia Os sintomas físicos são vazio no estômago, opressão no peito, taquicardia, tensão motora, sudorese excessiva, dor de cabeça ou urgência repentina de evacuar ou urinar. Segundo a psiquiatra Sandra Cohen, a ansiedade é uma reação orgânica inata do organismo humano. O problema começa quando ela passa dos limites. “Nesse caso, em vez de preparar a pessoa para enfrentar o perigo, a ansiedade a imobiliza, a incapacita para a realização das atividades diárias”, explicou ela. Em psiquiatria, o problema é chamado de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Quando chega a esse ponto, a ansiedade deixou de ser eventual, normal, e transformou-se em algo crônico, que acomete o indivíduo diariamente durante várias meses, prejudicando o seu funcionamento social e ocupacional. Os sintomas que deveriam aparecer somente nas situações de estresse passam a ser freqüentes. “O sujeito vive em constante ansiedade, estressado, irritado, cansado, agitado, se sobressalta com facilidade, tem dificuldade de concentração, brancos de memória e insônia”, disse a dra. Sandra.