Anticoncepcional colocado na vagina tem 97% de eficácia

Depois de décadas de reinado da pílula consumida por via oral, a pílula de aplicação vaginal é uma alternativa para as cerca de 70 mil mulheres brasileiras que apresentam problemas gástricos com os anticoncepcionais comuns. O formato, a apresentação e a formulação – uma mistura de estrógeno e progesterona – são os mesmos.

Segundo o ginecologista Israel Nunes Alecrim, chefe do setor de oncologia do Centro de Referência da Saúde da Mulher, em São Paulo (Brasil), a absorção pela vagina é vantajosa porque o tecido retém melhor e mais rapidamente o produto. Os hormônios caem na corrente sangüínea sem passar pelos órgãos digestivos – esse processo evita os distúrbios gástricos. Outro ponto a favor do contraceptivo vaginal é sua eficácia, semelhante à de outras pílulas: em torno de 95% a 97%.

Desvantagens

Mas também há desvantagens. “O primeiro é o incômodo de ter de colocá-la diariamente e ficar deitada por aproximadamente meia hora até que ocorra a absorção”, diz Alecrim. A mulher também não pode manter relações sexuais antes que se tenha completado uma hora da aplicação do produto. E qualquer alteração no tecido vaginal (uma infecção, por exempo) é motivo para suspender o uso. “A pilula vaginal também não livra a usuária de efeitos colaterais como náuseas e aumento de apetite”, diz o médico.

Pílula do dia seguinte

Já é possível evitar uma gravidez ainda que a relação sexual tenha ocorrido sem contraceptivos. Um medicamento elaborado com alta concentração do hormônio levornogestrel provoca alterações na parte interna do útero e impede a aderência do óvulo fecundado. Do ponto de vista médico, não é um método abortivo e não apresenta riscos à saúde. Duas pílulas devem ser tomadas até 72 horas depois da relação sexual. Para garantir uma eficácia de 95%, o ideal é ingerir a primeira nas 24 horas seguintes ao ato e a segunda nas 12 horas contadas a partir daí. A eficiência do remédio pode cair para 70% caso a mulher tome a primeira pílula depois de 36 horas. E as chances de interromper a gravidez podem cair para 50% quando o prazo sobe para 48 horas.

Efeitos colaterais

O ginecologista Nelson Vitiello, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana, diz que a nova pílula do dia seguinte tem o mesmo efeito da combinação de hormônios receitada nos consultórios médicos há oito anos e só deve ser usada em situações de emergência. A grande dosagem hormonal, segundo ele, pode provocar efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, sangramentos vaginais e, em alguns casos, alterações no sistema circulatório. O conselho é tomar a pílula com a supervisão de um especialista. Outro cuidado: não abusar do método, que tende a alterar o ciclo menstrual. E, evidentemente, ele nao substitui a camisinha. “Essa pílula pode impedir a gravidez, mas não livra a mulher de contrair uma doença sexualmente transmissível”, avisa Vitiello. Matéria de abril de 2000.