Aparelho invisível não abala a vaidade dos jovens
Usar aparelho nos dentes já foi motivo de vergonha para os adolescentes. Agora não mais. Os jovens aceitam o diagnóstico dos dentistas e encaram o aparelho ortodôntico como um item necessário à harmonia do rosto. Ainda mais porque o tratamento nessa fase é bem mais propício do que na vida adulta. “Até os 20 anos há uma certa flexibilidade maxilofacial e as correções são mais fáceis”, explica Jairo Corrêa, presidente da Sociedade Paulista de Ortodontia, entidade criada há 40 anos na cidade de São Paulo (Brasil). A moda já captou o interesse juvenil e criou elásticos coloridos para substituir os modelos antigos e “insossos”, necessários para acelerar a aproximação entre os dentes. A maior novidade, porém, contempla os adolescentes mais vaidosos. Trata-se do aparecimento do aparelho lingual, também conhecido como invisível. Os ferrinhos são colados na face interna dos dentes e, por isso, não aparecem. A idéia surgiu em 1970 quando o dentista de uma coelhinha do Play Boy Club, em Beverly Hills (EUA), desenvolveu o aparelho para atender à necessidade estética da modelo. “Como o trabalho impedia que ela usasse o aparelho convencional, a saída foi criar algo que pudesse ser colocado internamente”, diz José Márcio Salgado Pato, um dos primeiros ortodentistas a usar a técnica em São Paulo. Fim dos alimentos retidos entre os dentes Além da vantagem estética (razão que atrai artistas), o aparelho lingual – a língua encosta no modelo e não os lábios e a bochecha – permite comer sem passar pelo inconveniente de ficar com resíduos de alimentos retidos nos ferrinhos. “Como as peças de metal são coladas bem no centro dos dentes – no convencional, ficam na extremidade superior dental –, acabam fazendo o alinhamento com mais equilíbrio. O tratamento, que duraria dois anos, termina em 18 meses”, diz Pato. Mais caro 50% que o convencional O maior inconveniente desse tipo de aparelho é o preço. Custa 50% a mais que o convencional. Segundo Corrêa, as quebras de peças também são mais freqüentes porque o atrito com os alimentos sólidos é maior. De qualquer forma, o importante é corrigir os dentes. “Os aparelhos ortodônticos devem ser escolhidos de acordo com cada caso. Novidades sempre vão existir, mas nem sempre as mais modernas são as mais eficazes”, pondera. Matéria de junho de 2000