Auto-estima se aprende na escola
Imagens de mulheres lindas e magras, vendendo produtos de beleza e da moda, fazem mal à saúde. Principalmente de meninas que acabaram de entrar - ou estão prestes a entrar - na puberdade. Ao se mirarem nos exemplos da mídia, elas se sentem feias e insatisfeitas com o próprio corpo. Para ajudar as adolescentes a superarem essas dificuldades, um grupo de pesquisadores americanos criou um programa especial: Free to be me (algo como “livre para ser eu mesma”). O objetivo do programa era ensinar as meninas a desenvolverem senso crítico em relação aos padrões de beleza divulgados na mídia. “As jovens precisam analisar as imagens com imparcialidade, considerando seus próprios ideais estéticos”, disse uma das coordenadoras do programa Dianne Neumark-Sztainer, da Universidade de Minnesota. Os resultados do projeto foram publicados na revista da American Dietetic Association. Segundo ela, meninas muito preocupadas com seu peso têm mais chances de desenvolver distúrbios alimentares como bulimia e anorexia. “A imagem que se tem do próprio corpo está fortemente ligada aos problemas alimentares. Por isso, é muito importante entender como essa auto-imagem é formada”, acredita a pesquisadora. Imagens de revistas e TV foram analisadas Depois de três meses de programa, as meninas conseguiram aceitar melhor as suas formas e entender as mudanças físicas que ocorrem na puberdade. Além disso, elas deixaram de ler revistas de moda e beleza com tanta freqüência e pararam de se guiar por esses padrões. O programa foi testado com 226 meninas de 24 escolas americanas, todas cursando o ensino fundamental. Durante a experiência, os pesquisadores promoveram debates, nos quais as jovens tinham que analisar peças de publicidade de revistas e emissoras de TV. Modelos da mídia são estereotipados e inatingíveis Segundo a psicóloga Lúcia Bello, os pré-adolescentes e adolescentes estão formando de sua identidade corporal. E eles não têm domínio sobre as modificações físicas que ocorrem, sentindo-se, por isso, inseguros e confusos. Nesse período, é comum que eles se espelhem em padrões ditados pela mídia porque estão em busca de modelos. “O problema, porém, é que esses modelos são estereotipados e inatingíveis”, diz ela. Como os jovens – principalmente as meninas – não conseguem se igualar às imagens esculturais nas quais se espelham, vem a frustração. E, mais tarde, podem surgir até problemas graves, como os distúrbios alimentares e a obsessão por dietas. Para evitar essa situação e levar o adolescente a aceitar melhor o próprio corpo é fundamental uma estética de saúde e bem-estar, diz Lúcia. O que isso significa? “O adolescente precisa de mais espaço para tirar suas dúvidas. Falta informação. Muitas vezes, ele só quer saber como viver seu dia-a-dia, ter uma vida saudável, se alimentar direito, manter o peso.” Segundo a psicóloga, quanto mais o adolescente se voltar para assuntos saudáveis e aprender a ter qualidade de vida, menores as chances de ele se deixar levar pelos padrões estéticos irreais da mídia. Matéria de Janeiro de 2001