Bebês são mais sensíveis ao calor

10 Ago

Para marinheiros de primeira viagem, ter um bebê recém-nascido em casa é um pouco como estar no mar sem instrumentos de navegação. Ainda mais quando o termômetro passa a registrar temperaturas cada vez mais altas. Levar ou não levar à praia, o que fazer quando aparecem brotoejas — e principalmente como evitá-las —, dar ou não dar banho enquanto o coto do cordão umbilical ainda não caiu. Às vezes, até por desinformação, o bebê não recebe os devidos cuidados. Aqueles que estão sendo amamentados, por exemplo, dispensam água, mesmo no verão. O pediatra Marcos Renato explica que o leite materno já possui um percentual de 87% de água, o que é suficiente para suprir as necessidades infantis. Logo, bebês que mamam no peito só precisarão de água depois dos seis meses, quando à sua dieta forem incluídas também papinhas e refeições de sal. Para os que tomam mamadeira, a conversa é outra. O leite bovino contém muitos eletrólitos, como sódio, potássio e cálcio, que sobrecarregam o organismo. Nesse caso, precisam de água, sim, para metabolizar. “Essa água poderá ser dada no intervalo entre as mamadas. Vale também água de coco e muito suco de frutas. Em quantidades que o bebê aceitar”, diz o médico. Mais sensíveis ao calor e ao frio Também é preciso considerar que até por serem mais sensíveis aos efeitos do sol e do calor, as crianças devem ficar em ambientes ventilados ou refrigerados. “Como fazem mais atividades ao ar livre do que um adulto, as crianças terminam três vezes mais expostas ao sol”, alerta o médico. O que significa que será preciso observar rigorosamente os horários em que isso pode ser feito sem prejuízos, evitando-se o sol entre 10h e 15h. E, evidentemente, com uso de protetor solar. A bioquímica Carina Gurgel recomenda cremes ou loções cremosas com filtro solar com fator de proteção acima de 15. E, de preferência, os que sejam à base de dióxido de titânio. Segundo a bioquímica, trata-se de ativos físicos que, em vez de permeáveis à radiação, refletem os raios ultravioleta. “O fato de ser em creme ou loção constitui um fator a mais de proteção. Recompõe o manto de oleosidade da pele”, diz a bioquímica. Ela explica que a pele é nosso órgão mais extenso, que age como uma barreira de proteção do organismo, além de regular as variações térmicas. No caso dos bebês, a pele tem menor quantidade de pêlos e seu extrato córneo, ou seja, sua camada mais superficial, também é mais fina. O que significa uma menor proteção às agressões externas. É que a criança, de uma forma geral, é mais suscetível não só ao calor como a produtos com pigmentos, desde alimentos a cremes e medicamentos, que podem ter efeitos alergênicos. O que também é possível acontecer com fraldas descartáveis. Seu uso excessivo na época mais quente do ano deve ser evitado. “Elas aquecem mais, possuem elementos sintéticos que podem ser alergênicos e aderem mais facilmente à pele. O melhor é usar fraldas de pano, passadas a ferro quente para matar possíveis bactérias. Elas ficam mais soltas no corpo, fazem suar menos e conseqüentemente deixam o bebê menos sujeito a miliárias, as conhecidas brotoejas”, explica. Brotoejas, por sinal, são o problema mais comum que a pele do bebê enfrenta no verão. Trata-se de erupção que tem origem numa maior secreção de suor. Sem os devidos cuidados, evolui para coceira. E daí para um prurido mais intenso e vesículas, aquelas pequenas bolhas que, ao estourar, tornam-se um canal para fungos como a cândida”, adverte a farmacêutica. Para tratar, nada de talco. Cremes à base de óxido de zinco, a popular pasta dágua, resolvem. E são também indicados para assaduras, ou seja, dermatites de fralda.