Cigarro, estresse e vida sedentária levam à gordura localizada
Gordura localizada não é privilégio de pessoas com excesso de peso. Na galeria de vítimas estão também mulheres magras. As principais causas são vida sedentária e falta de exercícios físicos, mas há outros fatores que contribuem para o seu aparecimento, como predisposição genética e distúrbios hormonais ou circulatórios que ajudam as células de gordura aumentarem de volume. Excesso de álcool, fumo e alimentos ricos em sal e açúcar, baixo consumo de água e estresse – que altera o funcionamento dos sistemas imunológico e hormonal – ajudam a reter toxinas no organismo. Quando não eliminadas, dificultam a circulação sanguínea e a chegada de nutrientes às células, além de facilitar a deposição de gordura. Segundo Célia Beatriz David, especialista em medicina estética de São Paulo (Brasil), “se houver qualquer alteração no sistema linfático, responsável pela eliminação de líquidos e toxinas, pode haver prejuízo nas trocas metabólicas entre as células e esse processo facilitará o aparecimento de inchaços.” Aparência de casca de laranja As toxinas entre as células também promovem uma inflamação do tecido, fazendo com que as fibras, entre o músculo e a pele, fiquem enrijecidas. Estará formada, então, a celulite, cuja aparência pode lembrar a casca de uma laranja. Para combater a gordura localizada e a celulite, a medicina estética dispõe de aparelhos e técnicas sofisticados. O objetivo é melhorar a circulação sangüínea periférica – vasos finos e delicados, localizados a 3 ou 4 cm abaixo da superfície da pele – e a drenagem dos líquidos, além de estimular a queima do excesso de gordura nas células.Endermologia: um aparelho faz uma massagem mecânica por meio de sucção. A intenção é ativar a circulação do sangue e melhorar a nutrição das células. A técnica, indicada para pernas, quadris, cintura e barriga, modela o corpo e reduz medidas. Para que os resultados sejam perceptíveis são necessárias, no mínimo, dez sessões, de 35 minutos de duração cada.Ultra-som: ondas de ultra-som (de 3 MHZ) promovem a vibração e o rompimento das células de gordura. A eliminação acontece por intermédio da urina. Depois de dez sessões, de 20 minutos cada, a paciente já consegue observar mudanças positivas no corpo.Mesoterapia: injeção de medicamentos produz a quebra das células de gordura. É preciso se submeter a dez sessões, de 10 minutos cada.Lipoaspiração: técnica cirúrgica, que deve ser feita em ambiente hospitalar, é usada para “aspirar”, por meio de cânulas, as células gordurosas concentradas em uma determinada região do corpo. A cirurgia é feita próxima à superfície da pele, o que possibilita a retração do tecido. É indicada para quem tem acúmulo de gordura nas costas, nas pernas, no bumbum, no culote e no abdômen. Os resultados são mais satisfatórios em pessoas que não sofrem flutuações de peso.O cirurgião plástico Roberto Menezes Zatz, de São Paulo, diz que “a lipoaspiração é a única técnica que garante a retirada de células gordurosas e ainda afasta a possibilidade de que reapareçam”. Todas as pessoas nascem e morrem com o mesmo número de células gordurosas. Quando a gordura fica depositada em uma região específica do corpo quer dizer que houve um aumento no volume das células. E para que não haja risco de incharem novamente, o cirurgião retira um determinado número delas. Mas há um limite de gordura a ser aspirada: “Antes da cirurgia é preciso fazer uma avaliação criteriosa da paciente e submetê-la a exames laboratoriais para que se tenha certeza absoluta de que existem boas condições clínicas”, diz Zatz. A quantidade de gordura a ser retirada também depende do peso e da capacidade de retração da pele (que precisa ser firme e elástica). De acordo com a área a ser corrigida, a cirurgia pode durar de vinte minutos a duas horas – a anestesia mais usada é a peridural ou sedação com anestesia local. As cicatrizes são imperceptíveis: medem 0,5 cm. Matéria de junho de 2000