Como vai a saúde do planeta?

10 Ago

O presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, anunciou em Kiev, que a usina nuclear de Chernobyl, palco do pior desastre nuclear da história do planeta, fechará suas portas ainda este ano, mais precisamente no dia 15 de dezembro. Coincidência ou não, a boa nova foi divulgada justamente no Dia Mundial do Meio Ambiente, quando as atenções mundiais estão voltadas para o assunto. Mas apesar desse curativo esperançoso, é claro que a Terra ainda apresenta muitos outros – e significativos – problemas de saúde. E o remédio é, sem dúvida, o da conscientização ambiental e política. Segundo o Coordenador de Campanha do Greenpeace, Ruy de Góes, “algumas doenças do planeta correm o risco de se tornarem crônicas”. Em linhas gerais, são elas: Efeito estufa É o aquecimento da Terra devido ao aumento da queima de gás carbônico. Suas conseqüências são, entre outras, o derretimento de parte das geleiras existentes nos pólos, o aumento do nível do mar, mudanças climáticas e o aumento da incidência de doenças tropicais, como a malária, em outras regiões do planeta. Destruição da camada de ozônio Afetada por substâncias como o CFC (Cloro-Flúor-Carbono) – utilizadas principalmente pelas indústrias de refrigeração –, a camada de ozônio anda dando muito trabalho aos dermatologistas de todo o mundo por causa do aumento da incidência do câncer de pele. O plâncton, base da cadeia alimentar marinha, também é severamente afetado. Como medida de emergência, os países mais ricos concordaram em reduzir a emissão do gás carbônico. Para isso, eles estão reduzindo, por exemplo, o uso de petróleo como combustível nas hidroelétricas. Ameaça nuclear Embora tenha sido anunciado para o final do ano o fechamento das últimas quatro unidades de Chernobyl, existem cerca de 400 outras usinas nucleares espalhadas pelo mundo. Qualquer acidente em uma delas espalhará material radioativo de maneira não uniforme por todo o planeta. Os testes nucleares também são capazes de aumentar a radiação de fundo da Terra, ou seja, a quantidade de radiação natural que faz parte do ambiente em que vivemos. “E não se pode esquecer a herança indesejável da geração de lixo nuclear”, lembra Ruy de Góes. “Não existe um destino para ele, que vai permanecer perigoso por milhares e milhares de anos”. Contaminação tóxica Os poluentes orgânicos persistentes como o PVC e alguns agrotóxicos contaminam, por exemplo, os lençóis de água (num planeta cujo abastecimento de água doce é extremamente problemático). Perda de biodiversidade Os efeitos são irreversíveis: “Cada hectare queimado na Amazônia, por exemplo, produz cinzas de espécie que nem chegamos a identificar”, alerta Góes. Quem dera, no entanto, que se pudesse resolver todos os problemas do planeta daqui do coração do mundo, como muitos chamam o Brasil. É preciso, antes de tudo, que nós, brasileiros, focalizemos a atenção para as questões nacionais. Há muito o que se preservar no país, desde o Pantanal, a Amazônia e a Mata Atlântica (e tudo o que está relacionado a estas áreas) até questões mais específicas como o tratamento do lixo e a poluição das bacias hidrográficas. Segundo o secretário de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, Eduardo Novaes, o Ministério do Meio Ambiente está procurando, na medida do possível e com a ajuda de todas as suas Secretarias, cuidar de todas essas áreas: “Na minha secretaria, por exemplo, estamos nos preocupando muito com a disposição adequada do lixo urbano. Os lixões existentes são vetores de doenças para a população, além de poluírem o solo e os lençóis freáticos”, conta o secretário. Ele afirma, por exemplo, que 50% da multa paga pela Petrobrás devido ao vazamento de óleo na Baía de Guanabara ocorrido no início desse ano estão sendo revertidos em equacionamento da disposição do lixo em toda a bacia da Baía de Guanabara. “Provavelmente, a maioria do recurso será destinada à criação de aterros sanitários capazes de atender aos municípios daquela área”. Atitudes individuais contam muito Para ajudar cada pessoa a fazer sua parte, o Ministério do Meio Ambiente divulgou recentemente em seu site oficial (http://www.brasil.gov.br/html/minst_set.htm) o Guia de boas práticas para o consumo sustentável. Entre outras dicas, ele ensina a utilizar – e a economizar – os recursos naturais sem prejudicar o meio ambiente: * Diante do volume reduzido (apenas 1%) de água doce disponível no planeta e dos problemas de abastecimento vividos pela metade da população mundial (cerca de 3 bilhões de pessoas), é de extrema importância economizar o líquido vital. Assim, evite deixar a torneira pingando e fique de olho nos possíveis vazamentos causados por canos furados ou vasos sanitários. * Procure, também, fechar a torneira enquanto se ensaboa durante o banho ou enquanto escova os dentes. Outra sugestão para evitar o desperdício é aguardar que a máquina de lavar louças esteja com sua capacidade completamente preenchida antes de colocá-la para funcionar. Quem não possui uma dessas, deve deixar as louças de molho na própria pia antes de começar a lavá-las. * Ainda de acordo com o guia, o consumo de energia elétrica está aumentando gradativamente no país: “Em breve, estaremos importando energia de países vizinhos”, diz o informe. Por isso, é essencial adotar medidas de economia como... ...não utilizar o ferro de passar roupas ao mesmo tempo que outros aparelhos para não sobrecarregar a rede elétrica. ...juntar o maior número de peças para passá-las de uma só vez e só comprar aparelhos de ar condicionado, geladeiras e freezers que apresentem o selo do PROCEL – Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica. ...regular sempre que puder o termostato do ar condicionado. ...superar, também, a tentação de abrir a porta da geladeira com freqüência ou por muito tempo. * A quantidade de lixo produzido no país é alta e, em muitos casos, não se sabe qual destino dar a ele. Criar aterros sanitários envolve custos elevados e, por outro lado, jogá-los em terrenos baldios ou incinerá-los também não são as melhores soluções. Faça a sua parte... ...não jogando lixo na rua. Além de custar mais dinheiro, sua coleta pode entupir bueiros e estrangular corredores de água durante as chuvas. ...preferindo comprar produtos com embalagens reutilizáveis ou recicláveis. ...reutilizando os sacolas dos supermercados como sacos de lixo. ...entregando lâmpadas, pilhas e baterias de celular às empresas que os produzem. ...buscando informações sobre as iniciativas de sua comunidade com relação ao lixo reciclável.