Complicações são freqüentes na gestação múltipla (Segunda parte)
Tantos cuidados têm apenas um objetivo: salvar os bebês e permitir que a mulher chegue ao bem final da gravidez. De acordo com o dr. Marcos Vinicius, algum nível de complicação é muito freqüente. Em 30 a 40% de gestações de gêmeos, ocorrem problemas como, por exemplo, um dos bebês se desenvolver muito menos do que o outro. No caso de trigêmeos, a taxa sobe para mais de 60%. “Quando o risco de complicações é muito grande, recomenda-se o repouso total para a gestante. Isso atrapalha muito a sua vida profissional, mas, em alguns casos, é a única maneira de evitar a perda dos bebês ou um parto prematuro demais, em que o risco de retardo mental também se eleva”, diz o médico. Fertilização artificial aumenta risco de gestação múltipla Os tratamentos contra a infertilidade são um dos principais responsáveis pelo aumento da freqüência de gestações múltiplas nos últimos anos. Segundo o ginecologista Ricardo Marinho, especialista em reprodução humana e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, a gestação múltipla é um dos efeitos colaterais dos tratamentos de fertilidade. “Para aumentar a chance de fertilização, implantamos de dois a quatro embriões no útero da mulher. A expectativa é de que apenas um se fixe, mas, às vezes, isso ocorre com dois, três e até quatro dos embriões. O risco vai depender do número de embriões implantados e da idade da mulher. Mulheres jovens têm mais chance de fixarem um número maior de embriões. Nesse caso, porém, é recomendável que se implante apenas dois”, explica dr. Marinho. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina determina que se implante, no máximo, quatro embriões. A recomendação tem como objetivo evitar o parto prematuro e seqüelas para mãe e bebê. Afinal, nem todas as histórias terminam como a da americana que, em novembro de 1997, deu à luz séptuplos. Os sete bebês sobreviveram, apesar de terem passado vários meses internados. Matéria de Janeiro de 2001