É possível aprender a chegar ao orgasmo
Os homens estão no centro das atenções quando o assunto é disfunção sexual. Fala-se muito mais sobre as dificuldades masculinas do que das femininas. Mas as mulheres não estão mais felizes na cama. Cerca de 30% delas jamais atingiu o orgasmo. No Ambulatório de Sexologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), que pertence à Universidade Estadual de Campinas, das duas mil pacientes atendidas cerca de 70% se queixa de não chegar ao êxtase. A mesma incidência é constatada no Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. No Projeto Sexualidade, a proporção de homens e mulheres que procurava orientação no início da década era de seis para um. Hoje, são dois homens para cada mulher. “Elas estão se aproximando do contingente masculino e reivindicando o prazer mais abertamente”, afirma Carmita Abdo, coordenadora do projeto. Estímulo do clitóris O inconformismo com o sexo sem prazer significa a possibilidade de mudar o destino das relações. Afinal, orgasmo se aprende. É o que garante a médica sexologista Nilva Ferreira Pereira, responsável pelo ambulatório do Caism. “Essa sensação é um reflexo da estimulação clitoriana e vaginal. O clitóris tem terminações nervosas cujos reflexos atingem o músculo da vagina e estimulam as contrações”, explica a médica. Segundo Nilva, a mulher que não tem orgasmo não está recebendo a estimulação em tempo suficiente e no lugar certo ou tem algum entrave emocional. “A mulher não sabe que é no clitóris que precisa ser estimulada para atingir o clímax. Então, quando a relação está ficando prazerosa, acontece a penetração. Esse é o problema porque é tirado o estímulo do lugar certo. No fundo da vagina não há terminações nervosas capazes de desencadear contrações orgásticas.”