Ejaculação feminina: mito ou realidade?

10 Ago

Algumas mulheres já tiveram, outras já ouviram falar, mas a grande maioria ainda não sabe exatamente o que é a tal ejaculação feminina. Nem os médicos chegam a um consenso. Mas algumas mulheres acabam liberando, sim, um líquido depois do orgasmo em quantidade até maior que a do sêmen. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (Sbrash), Nelson Vitiello, a mulher não ejacula porque não tem estruturas anatômicas para isso. “Ejaculação é a contração de glândulas localizadas próximas à próstata e que acontece junto com o orgasmo. A mulher não tem essas glândulas e, portanto, não pode ejacular”, afirma. Expulsão de líquido com o orgasmo é normal Certas mulheres produzem uma quantidade maior de secreção vaginal durante a fase de excitação. Nesse estágio da relação sexual, ocorre uma dilatação dos vasos sangüíneos localizados na parede da vagina. A parede fica mais fina e o líquido contido nos vasos transborda para a vagina. “No momento do orgasmo há uma contração da musculatura pélvica e esse líquido é expulso”, diz Vitiello. O nome desse processo é exsudação. “É uma espécie de suor característico da vagina. Um soro que prepara o corpo para a relação sexual, tornando-o menos seco”, diz Carla Zeglio, psicóloga e terapeuta de casais. Em vez de sair em forma de jato, a secreção é derramada Os especialistas implicam mais com o termo ejaculação feminina do que com o fenômeno propriamente dito. “Ejaculação significa que há um jato e não é isso que se observa na mulher. Nela, há um derrame de secreções”, esclarece o ginecologista Nilson Roberto de Mello, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Só para comparar, no homem as glândulas próximas à próstata funcionam como uma bomba que ejeta o sêmen. Embora os mecanismos sejam diferentes é possível usar a expressão “ejaculação” feminina no sentido figurado. Afinal, há, sim, uma quantidade de líquido derramado. E o volume depende da mulher. Fala-se até em cinco mililitros – os homens ejaculam, em média, 2,5 mililitros. Não se sabe com exatidão a porcentagem de mulheres que manifestam essa “descarga” porque muitas têm vergonha de contar o fenômeno durante a consulta ginecológica. Mas é importante destacar que se trata de um processo fisiológico absolutamente normal. Diferente da urina, que tem odor característico, a secreção vaginal é incolor e sem cheiro. E para quem se assusta com o episódio, uma boa notícia: “Quanto maior a quantidade de secreção vaginal eliminada maior a certeza de que a mulher estava excitada e de que atingiu o orgasmo”, diz Mello. Matéria de setembro de 2000