Hipnose na cadeira do dentista
Há quem não ligue de ir ao dentista, mas certamente não há quem goste de obturar uma cárie ou extrair um dente. Para tornar esse momento menos difícil, muitos dentistas se especializaram – são os hipnodontistas – e, hoje, utilizam os benefícios da hipnose em seus pacientes. E quem pensa que esses profissionais ainda estão tateando no escuro com a broca nas mãos pode estar enganado. Há relatos que associam, em 1836 na França, o uso da técnica em tratamentos dentários. Ao buscar um especialista, grande parte dos pacientes já traz a intenção de se tratar com o auxílio da hipnose. Em geral, é nas duas primeiras consultas, ao realizar a anamnese, que o dentista procura conhecer bem o seu paciente: qual é o seu histórico familiar, as doenças que já contraiu, os tratamentos que realizou, o sintoma que o levou ao consultório e se ele participou de alguma experiência com relaxamento, ou mesmo, hipnose. Nessa longa conversa, associada ao exame clínico, o dentista pode ter uma breve idéia de como o novo paciente irá se comportar durante a primeira sessão de hipnose. Segundo o cirurgião-dentista e hipnodontista, Dr. Erick Almeida, as pessoas podem atingir graus diferentes com a hipnose: superficial, leve, moderado ou profundo sonambólico. E somente cerca de 15% a 20% da população chegam ao estado profundo. Ainda assim, é possível realizar os mais diversos tratamentos: remover a fobia do dentista, auxiliar no tratamento de bruxismo (ranger dos dentes durante o sono), obturar cáries, extrair dentes, colocar próteses ou aparelhos ortodônticos, eliminar hábitos viciosos como roer as unhas ou chupar o dedo e muitas, muitas outras coisas. Tudo isso sem o uso de anestésicos, um prato cheio para aqueles que sofrem de alergia a certas substâncias. Uma questão de sugestão “No caso do bruxismo, o hipnodontista pode sugerir que, em vez de ranger os dentes, o paciente aperte o dedo, por exemplo. Tudo é uma questão de sugestão, o paciente fica ligado na voz do profissional o tempo todo”, explica o especialista. Durante uma cirurgia mais complicada como a de um canal, é possível controlar a salivação ou até mesmo o sangramento exagerado, fatores que costumam dificultar o procedimento. O dentista pode sugerir: “Os pequenos canais que irrigam essa região estão se fechando”. É claro que o sangue não deixa de circular mas, de acordo com o Dr. Erick, ele diminui consideravelmente. A expectativa relacionada à recuperação durante o período pós-operatório costuma ser positiva: “É possível, inclusive, alterar a percepção do tempo”, conta o dentista. “A cirurgia pode ter demorado mais de três horas, mas se o cirurgião sugerir que ela durou apenas três minutos, o paciente provavelmente se levantará da cadeira como se isso realmente tivesse acontecido e, melhor, sem nenhuma dor muscular.” E você que está sentindo aquela dor incômoda no dente há dias, mas postergando a visita ao dentista porque tem pavor de escutar o barulho da broca na sala de espera, fique sabendo que não há perigo de “não voltar do transe” ou perder o controle do que está acontecendo. O Dr. Erick garante que paciente jamais perde o senso crítico e sabe o que está acontecendo o tempo todo.