Homem também finge orgasmo
Fingir orgasmos deixou de ser uma prerrogativa feminina. Neste novo século, os homens assumem que também fingem. Alguns por razões pessoais, outros por questões patológicas. Mas em uma coisa homens e mulheres concordam: ter orgasmos não é o mais importante em uma relação sexual. Apesar disso, a corrida pelo orgasmo virou quase uma neurose. Quando não têm, como as mulheres, alguns homens fingem. “A mentira pode esconder um medo de ser rejeitado, uma necessidade em agradar ou para camuflar um problema sexual”, diz Oswaldo M. Rodrigues Jr., secretário geral da Associação Latino-Americana de Psicólogos e Sexólogos. Uma opinião que também é compartilhada pelo urologista Celso Gromatzky . “Como o orgasmo é uma sensação, mas traduzida no corpo por alguns sinais como a contração muscular generalizada, e não necessariamente acompanhada de ejaculação, teoricamente, o homem pode fingir sim”. Mas as dificuldades para simular um orgasmo são tantas Para a maioria, no entanto, simular um orgasmo é quase impossível. São pessoas que associam o orgasmo à ejaculação. E não se dão conta que entre um e outro existe uma distância. “O orgasmo é cerebral e a ejaculação o final de um processo muscular que promove o esvaziamento do conteúdo das vesículas seminais e próstata através de contrações da musculatura pélvica e perinal”, explica o urologista Ricardo Grecca. Esses homens acreditam que o prazer só possa ser atingido no ato de gozar. E se isso não ocorre, não há a satisfação. Um engano. Segundo Dr. Oswaldo, é perfeitamente possível se sentir orgasmos sem ejacular. “Os dois não precisam ocorrer juntos. Acontece que desde o início da vida sexual, o homem aprende que a ejaculação simboliza o prazer”. Mas, há momentos em que o orgasmo acontece sem a ejaculação e as causas são fisiológicas Celso Gromatzky cita exemplos de situações em que ocorrem o orgasmo sem a ejaculação: quando há o orgasmo seco, que pode acontecer em pacientes submetidos a cirurgias com remoção completa da próstata e das vesículas seminais. Esta cirurgia é feita em casos de câncer localizado da próstata ou em alguns tumores de bexiga. Pode também acontecer ocasionalmente em homens que tenham repetidas ejaculações em curto espaço de tempo, sem haver tempo para que o líquido seminal seja fabricado. Outra situação é quando há a ejaculação retrógrada: o sêmen ao invés de ser eliminado pela uretra, volta para a bexiga e portanto no momento do orgasmo o paciente não vê a sua eliminação. “Na primeira micção após o orgasmo, se vê a saída do esperma com a urina”, diz. É uma situação mais comum em diabéticos, em algumas doenças neurológicas ou ainda em homens submetidos a cirurgias sobre o colo da bexiga. O urologista explica ainda que quando os homens são submetidos a remoção da próstata por hiperplasia benigna desta glândula, em geral, eles têm uma sensível diminuição do volume ejaculado. Na maioria das vezes, não sai quase nada e ainda o pouco que existe volta para a bexiga. O homem finge o orgasmo de forma primária Mas, se ainda há a associação entre o gozo e o orgasmo, como é possível um homem fingir? Oswaldo Rodrigues explica que uma das formas é usando a camisinha e retirando-a de imediato. “Ele dá aquele famoso nozinho e joga fora o preservativo para que a parceira não veja a ausência da ejaculação e pense que não teve prazer”. Para o urologista Ricardo, porém, apesar de teoricamente ser possível ter prazer sem necessariamente ejacular, na prática, ele não acredita que isto aconteça. “É extremamente difícil para o homem fingir a sua sensação de orgasmo. O que pode ser mascarado talvez seja a intensidade dessa sensação, apenas isso”. Segundo ele, o orgasmo não é uma contração muscular, um gemido, uma ereção e ejaculação. “É tudo isso e mais uma sensação de recompensa de prazer. Como a dor, o orgasmo se manifesta em um mesmo local do cérebro, o sistema Límbico”. Este sistema comanda coisa básicas no nosso organismo. É influenciado por estímulos de ordem visual, olfativa, tátil e hormonal. Para os homens que buscam a alternativa da mentira, resta um peso a mais. Principalmente quando se trata de uma questão patológica. Nesses casos, a tendência é que os sintomas piorem. O homem pode, inclusive, vir a desenvolver outras dificuldades sexuais e de relacionamento. “A mentira é sempre prejudicial para quem mente. Por isso, não vale a pena”, diz Oswaldo.