Homossexualidade traz graves problemas na adolescência
Acredita-se que 10% da população seja homossexual e que cerca de 37% já teve pelo menos uma experiência – e chegou ao orgasmo – com um parceiro do mesmo sexo antes de se definir sexualmente. Esses são dados do maior levantamento sobre sexualidade feito até hoje, o relatório Kinsey, realizado nas décadas de 40 e 50. A estatística, embora antiga, continua confiável. Mas ainda se fala de homossexualidade com ranços de preconceito. O problema é que essa discriminação se reflete em pelo menos um dado cruel: 1/3 dos casos de suicídio entre adolescentes está ligado ao conflito de identidade sexual. “A tarefa do adolescente é a construção da identidade própria e segura. O homossexual tem dificuldade de conquistar essa segurança porque é agredido o tempo todo – desde criança ouve críticas aos gays e, quando começa a se sentir como tal, tenta negar essa situação, afugentar fantasias. Essa confusão mental se soma à frustração de não corresponder às expectativas sociais”, explica a médica Maria Ignez Saito, chefe da Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo (Brasil). “O suicídio é a solução encontrada para terminar com algo que o jovem não suporta mais: a própria vida.” Baixa auto-estima e depressão Sentir-se diferente na adolescência é extremamente penoso. Porque agir e pensar igual ao grupo torna-se essencial para se sentir aceito. Ser normal é a palavra de ordem para o adolescente. Quando isso não acontece, a autoconfiança fica abalada. Não é raro o jovem se definir como uma farsa e, inconscientemente, adotar comportamentos autodestrutivos. “Em diferentes estudos, jovens gays relataram importante isolamento social e emocional (80%), evasão escolar (28%), uso de álcool e de drogas (58%)”, diz o médico e psicoterapeuta Eugenio Chipkevitch, de São Paulo. É fácil entender o elo entre homossexualidade, isolamento, drogas, evasão escolar e suicídio. As drogas servem como válvula de escape para superar a solidão. “A maior parte dos adolescentes vive sua homossexualidade solitariamente. Leva, em média, quatro anos entre o momento da descoberta da opção sexual e a hora em que decide compartilhar essa realidade com alguém”, explica Chipkevitch. Nesse intervalo de tempo, enquanto o jovem heterossexual pode exercer a sua sexualidade livremente, o homossexual teme ser descoberto e ridicularizado. Por isso, vive policiando as próprias atitudes – um estado de alerta que culmina em estresse crônico. Desajuste social, estresse e doenças A pressão constante para ser igual aos outros pode resultar em manifestações psicossomáticas. “É comum atender adolescentes homossexuais com dores abdominais, falta de ar e queixas psicológicas, como estar ouvindo vozes, por exemplo. É como se transferissem para o corpo algo que têm medo de descobrir intimamente”, explica Maria Ignez. Por esse motivo, reconhecer a homossexualidade é a melhor forma de lidar com ela. “Quem admite sua opção sexual se cura dos sintomas porque não precisa mais dessas muletas”, diz a médica. Terapia para reversão de sexualidade só aumenta o sofrimento Outro ponto vital: não existe terapia capaz de reverter a opção sexual. Essa estratégia pode fazer mal até. “Coloca o adolescente contra ele mesmo. E traz um grande risco para o suicídio”, alerta Chipkevitch. Os pais podem ajudar dando afeto, mantendo o filho acolhido e demonstrando que se orgulham dele. “Procuro lembrar os pais de que o filho continua o mesmo”, diz Chipkevitch. Outra forma de desejo Para o psicólogo e sexólogo Claudio Picazio, autor do livro Diferentes Desejos – Adolescentes Hetero, Homo e Bissexuais (Editora Summus), a chegada dos hormônios dá ao corpo maturidade física para viver a sexualidade. “Com essa mudança biológica, o jovem descobre que deveria gostar de Luiza, mas ama Luiz. E aí é que começa a crise”, explica. “A adolescência é o grande momento de ajudar esse jovem a respeitar a sua sexualidade. Ser homossexual não é uma doença física ou psíquica. É apenas outra forma de desejar alguém.” A atração pelo mesmo sexo era perfeitamente aceita em épocas como a Antiguidade grega – a homossexualidade era considerada a forma mais nobre de amor. “Emocionalmente, somos bissexuais. Temos a capacidade de amar em igual intensidade homens e mulheres”, diz Picazio.
[mmjs-countrycode]/[mmjs-region]/[mmjs-regionname]/[mmjs-city]