Mães: atenção ao peso dos baixinhos
A criança começa a engordar e o fato é encarado com naturalidade pelos pais - às vezes, até como sinal de saúde. “Ela é tão fofinha. Não é linda?”, dizem eles. Por trás de tanta fofura, porém, existe uma ameaça muito séria: a obesidade infantil, cada vez mais comum nos países ocidentais. Segundo um grupo de pesquisadores do Children’s Hospital Medical Center, em Cincinnati, nos Estados Unidos, o problema deve começar a ser combatido dentro de casa. Em estudo publicado este mês na revista americana Pediatrics, os pesquisadores concluíram que as mães – principalmente as com menor grau de escolaridade – têm grande parcela de responsabilidade no excesso de peso dos filhos. E crianças obesas correm maior risco de terem, na idade adulta, diabetes tipo 2, hipertensão e outros distúrbios. “Por causa disso, as medidas de prevenção da obesidade devem começar bem cedo, ainda na pré-escola”, diz Amy Baughcum, uma das autoras do estudo. Essa prevenção, no entanto, passa pela maneira como os pais encaram o excesso de peso dos filhos. Mães encaram excesso de peso de filhos com naturalidade O estudo foi feito com 622 mães que tinham filhos de até 5 anos de idade. Cerca de 79% delas não percebiam o excesso de peso das crianças - achavam que eram normais, cheias de saúde. Mães de 99 crianças obesas disseram não ver nada de mau na aparência dos filhos. Segundo os pesquisadores, a maioria dessas mães apresentava baixo nível de instrução. Os pesquisadores consideraram acima do peso as crianças que obtiveram um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 25. As que ultrapassaram 30 já foram tidas como obesas. O IMC é o resultado da divisão de nosso peso pelo quadrado da altura (em metros). Assim, uma pessoa que mede 1,60m e pesa 55 kg tem um índice de 21,5. Sedentarismo contribui para obesidade infantil Segundo a endocrinologista brasileira Luciana Bahia, o problema da obesidade em crianças vem sendo subestimado pelos pais. Eles tendem a encarar a gordura como sinal de saúde ou característica típica da infância, mas não é bem assim. “Os casos de crianças obesas vêm aumentando cada vez mais nos países ocidentais, devido aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo. Hoje, as crianças comem muito fast food e passam horas seguidas diante da TV ou do computador. Elas não brincam mais na rua, não queimam calorias”, diz a dra. Luciana. Um estudo brasileiro citado pela endocrinologista chegou à conclusão de que as crianças passam, em média, de três a quatro horas por dia diante da TV. "Com certeza, esse é um fator que tem contribuído para a obesidade precoce. E crianças obesas tendem a ser adultos obesos, com risco de desenvolver uma série de doenças." “A idade mais crítica, em que o problema aparece com mais freqüência, é a de 6, 7 anos. É quando os pais devem prestar atenção aos hábitos dos filhos e perceber se eles estão ficando acima do peso. Definitivamente, gordura não tem nada de saudável”, diz a dra. Luciana. Matéria de Dezembro de 2000