Ser operado por uma mulher influencia o resultado da cirurgia?
Um estudo científico canadense recentemente publicado no British Medical Journal demonstrou que pacientes operados por mulheres têm 12% menos chance de morrer nas primeiras semanas de pós-operatório.
De acordo com o estudo a taxa de mortalidade, readmissão e complicações no primeiro mês após a cirurgia foram menores quando realizados por cirurgiãs comparado a seus colegas masculinos. Os pesquisadores observaram o resultado de 104.603 cirurgias realizados por um total de 3.314 cirurgiões em Ontário, Canadá.
As razões para esta diferença não são conhecidas e os autores argumentam que por tratar-se de um estudo observacional, causa-efeito não pode ser determinado. Apesar dos ajustes realizados para muitos fatores de confusões, há outros fatores que podem não ter sido levados em conta. Quando se considera apenas cirurgias de emergência, por exemplo, (situação em que o paciente não escolhe o médico que lhe opera) não há diferenças estatísticas. "Não sabemos as razões para esses melhores resultados em pacientes operados por mulheres, embora possam estar relacionados com um atendimento mais alinhado com guidelines, mais centrado no paciente e que envolve uma melhor comunicação", argumentam os autores. Por ser uma especialidade praticada majoritariamente por homens, o resultado desse estudo é importante para confirmar a segurança, habilidades e expertise das cirurgiãs. "Nossos resultados têm uma importante implicação em apoiar a igualdade entre os sexos e a diversidade em uma profissão tradicionalmente dominada por homens", afirmam.
Em um editorial o presidente e a ex-presidente do Royal College of London destacaram que é improvável que valha a pena investigar o porquê dessa pequena diferença, já que há muitos fatores a serem considerados e que eles não acreditam que o sexo do cirurgião seja um determinante importante no resultado cirúrgico do paciente.
Resultados semelhantes em outros estudos
Não é a primeira vez que um estudo científico comparando a performance de médicos e médicas mostra um resultado favorável às mulheres. Um estudo da Universidade de Harvard em 2016 encontrou taxas de mortalidade e readmissão mais baixas quando pacientes idosos eram atendidos por uma mulher. Os autores estimaram que se mais operações fossem realizadas por mulheres, 32000 mortes seriam evitadas cada ano nos EUA.
Um outro estudo da Universidade de Oxford também demonstrou que mulheres médicas são mais empáticas que médicos homens.